sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ENTREVISTA COM JEAN CAMPAGNER,O MAIOR COLECIONADOR DO DEPECHE MODE DO BRASIL


Por Daniel Sicchierolli
Colecionador

Para começar muito obrigado por aceitar o convite para participar da Collector´s Room. Apresente-se aos nossos leitores.

Eu é que agradeço pela oportunidade, me sinto honrado em falar sobre as bandas que gosto. Meu nome é Jean Campagner, faço exatos 40 anos agora, em 2010. Sou conhecido como Jean, JeanBong (por causa da página e também por ser uma homenagem ao selo do Depeche – seus singles começam com a sigla BONG), divulgo e contribuo com alguns blogs e páginas do Depeche Mode há praticamente uns 15/20 anos, destes vinte e sete anos de devoção ao grupo.

Você lembra como foi o seu primeiro contato com a música em geral?

A música em si, lembro de escutar alguns discos com meu pai, isso há muito tempo atrás. Ainda era um menino, mas como era o mais novo dos filhos, acabei acompanhando alguns segmentos dos meus irmãos. Lembro de ouvir muito Nat King Cole, Ray Conniff, músicas italianas e francesas (meu pai), escutei muito rock nacional 70 (Casa das Máquinas, Secos e Molhados, Os Incríveis), e como boom final de anos 70 (e eu era um garotinho, escutava por tabela, mas acabou sendo uma base bacana pra conhecimento) a discoteque/black music de nomes como Barry White, Donna Summer, Bee Gees. Escutei tudo o que tinha em casa, de smbas antigos à música clássica, bandas, cantores, cantoras, tudo o que a família comprava.

A partir de 1980, a busca pela identidade musical veio precocemente. De ato, me interessei por Rita Lee, Rádio Táxi, Gang 90 & Absurdettes. Blitz me despertou pras bandas nacionais, e eu diria que vivi e curti intensamente o rock wave nacional, vi muitos shows, comprei discos, gravei fitas, enfim, aquela loucura que foi o rock nacional dos anos oitenta.

Paralelo ao rock brazuca, comprava discos variados como Flipper Hits, Hit Parade e, ainda, os óbvios discos de novela, pra conhecer o que estava na moda, com qualidade um pouco tosca, músicas cortadas, qualidade ruim, coisas que só fui percebendo quando comprava os discos dos artistas em si.

Através de amigos e curiosidades particulares, conheci Beatles, Stones, Sabbath, Maiden, Rush, Yes, Supertramp, Metallica, Kraftwerk, enfim, escutei de tudo, nunca fui radical.

Qual sua banda preferida?

Depeche Mode sobre todas as coisas!!! Desculpem o exagero, mas eles são, pessoalmente falando, uma forma de religião. O termo usado para os fãs, chamados de devotos, realmente cai como uma luva.

Muitos não conhecem a banda no Brasil, aqui teve pouca divulgação, e pra dizer a verdade o grupo ficou conhecido como uma banda eletrônica dance, o que não é a realidade. A coincidência é porque saíram duas faixas em discos diferentes, uma na Toco House Hits e outro chamado apenas de House Hits. Mas quase todo mundo sabe que essas coletâneas em geral são montadas pelas gravadoras, no esquema de divulgação/grana.

O Depeche Mode lá fora é considerado uma banda de grande porte, é tão conhecido como o U2, Madonna, Coldplay, The Cure.

Como você chegou ao Depeche Mode?

Chega a ser engraçado, pois a primeira vez que ouvi o Depeche Mode nem dei bola. Em 1982 ganhei uma fita gravada com algumas músicas, escutei e guardei. Era interessante, mas não tinha me tocado (acho que estava mais ligado nas bandas nacionais). Em 1983 estava com a trilha da novela Louco Amor Internacional, lá tinha uma música do tal Depeche, lembrei do nome, fui conferir novamente a fita. Acabou que fiquei escutando a fita (quase uns oito meses depois de tê-la ganhado) e achava a música da novela não tão boa assim. Reavaliando: o que estava na fita eu achava superior, e estranho uma banda fazer um trabalho diferente do outro.

Comprei o album Broken Frame, com atraso, lógico, pois os discos aqui, se o artista não fosse top, saíam atrasados, ou nem saíam. Gostei do que ouvi, mas foi a partir dele, e indo atrás dos importados, é que fui ficando cada dia mais fanático.

Aliás, uma coisa engraçada: até então para mim só existiam compactos e álbuns. Depois descobri o que eram Pictures discs, bootlegs e os famosos singles de 12’’, que no Brasil, em algumas épocas, chegaram a ser vendido pelo preço de álbum normal. Acho que por isso o formato acabou não pegando por aqui.

Quantos álbuns você possui no total? Você tem a discografia completa de várias bandas ou só se concentra no Depeche mode?

Nunca contei. Já tive mais discos de vinil do que tenho hoje. Teve uma época, no final dos anos 80, que o CD era caríssimo. Importados então, verdadeiras fortunas. Vendi parte do meu acervo de vinil, infelizmente, e investi em CD. Me arrependo muito disso, mas como lhe disse, foi uma época. Uns dois anos depois voltei a comprar novamente os discos, mas muita coisa que vendi sei que não terei novamente, até mesmo por causa de preços.

Me orgulho de ter discografias completas (e originais, óbvio) de artistas como Sisters of Mercy, Red Flag (não errei, eu conheço também o Black Flag), Nitzer Ebb, The Mission, Gary Numan, Bauhaus, Fields of the Nephilim, Cyndi Lauper, The B-52´s, Legião Urbana, Blitz, Gang 90, Eduardo Dusek, Cazuza, Marina Lima, Barão Vermelho. Enfim, tem muita coisa, e tem alguns artistas que eu gosto mas infelizmente a grana é concentrada pra comprar Depeche Mode. Os outros, em sua maioria, ficam em segundo plano.


Toda coleção tem o seu “ponto zero”. Qual foi o seu primeiro disco? Por que você o comprou?

Discos comprados a esmo, por ser parada de sucessos, foram vários. Coleção mesmo, vamos dizer que a partir de 81 e 82, com compactos da Gang 90, Blitz e Eduardo Dusek. Alguns comprei por que gostei da música. No caso do Dusek, foi por achar engraçado mesmo. Tenho Gang 90 – Perdidos na Selva (onde o lado B é uma versão pra uma música da Siouxsie que fui conhecer mais tarde), a Blitz e o famoso compacto de uma música só “Você Não Soube Me Amar” (a Blitz foi outro vício, antes mesmo do Depeche). Esses três artistas segui praticamente desde o começo da carreira.

Quando você percebeu que estava se tornando um colecionador?

A partir de 1984, com o Depeche mesmo. Comprava tudo o que pudesse encontrar, e como era difícil isso. Aqui pouca coisa saía, e o lance era esperar alguém viajar ou tentar arrumar algo com amigos do meu irmão que traziam de fora, sei lá como, mas que chegavam, chegavam. Depois ele mesmo passou a encomendar não lembro com quem, mas era uma loja de fora. Alguns discos demoravam muito, e às vezes nem chegavam.

Sei que você comprava discos de lojas internacionais mesmo antes da internet. Na verdade você foi um dos precursores das compras “on-line”. Conte nos essas aventuras de mandar dinheiro via correio.

Bom, quem fazia os contatos era meu irmão mais velho. Eu ainda era adolescente, mas ia trocar a grana por dólares em agências de turismo, e lembro bem do lance de ter que colocar a grana envolta em um papel branco, e depois o papel branco ser envolto por papel carbono, pra evitar que a Receita Federal e os Correios pegassem, pois é proibido mandar grana em envelopes. Essa era a única forma, até então, de se comprar discos importados. Mandar a grana adiantada pra amigos ou parentes que moravam fora também era uma solução.

A partir de 1986 descobri algumas lojas no Brasil que traziam os discos. Eram caros, mas estavam aqui, “na pronta entrega” e sem correr o risco de alguém na corrente do envelope de sumir (risos).

Fiquei impressionado com a quantidade de singles que o Depeche Mode tem. Isso para um colecionador é uma loucura, afinal queremos todos os discos do mundo. Como você consegue tantos itens?

Gosto de dizer que o Depeche Mode é uma banda a frente do seu tempo. Além dos singles, acho sempre que eles foram precursores de outros itens que eu nem sabia que existiam – pra você ter uma ideia, em 1988 comprei minha primeira fita k7 single. Porque alguém lançaria uma fita com uma música de cada lado apenas?

Em 1984, falando em singles, já existiam singles do Depeche Mode divididos em suas partes, edições limitadas coloridas em vinil, fazendo os fãs irem à loucura para achar esse tipo de material.

Além dos k-7s singles, também o DVD single, um DVD com uma música só, um único vídeo. Material que hoje sai cada vez mais, em edições menores, limitadas, e aqueles problemas todos que nós fãs conhecemos.

Gosto de dizer que a vantagem de ter começado cedo a coleção me ajudou muito. Hoje em dia é mais fácil comprar, mas muitos itens foram limitados e atualmente, quando se acham, paga-se pequenas fortunas por eles. Hoje em dia não perco tempo, saiu eu já compro, pra evitar o aumento do preço de acordo com a passagem de tempo.

A internet facilitou muito o lance da importação, um dos poucos pontos positivos pra internet em relação à música, pois também é graças a ela que a pirataria chegou onde está.



E os relançamentos, coletâneas, como você encara esse tipo de lançamento?

Os relançamentos alguns acho realmente necessários. Coletâneas na linha de “best of” servem pra divulgar a banda, pro pessoal não achar que os caras tem só aquela música conhecida. Falta mesmo uma coletânea oficializada, bonitinha, em ordem, dos b-sides, porque isso eles tem aos montes, mas teria quer ser algo bem feito, com fotos, encartes, tudo certinho. Quem sabe um dia. Acredite: bootleg disso já existe (risos).

As coletâneas ajudam a divulgar, a manter a banda viva, não tenho nada contra, mas é necessário tomar cuidado com isso. Vejo artistas que tem mais coletâneas do que CDs lançados oficialmente, daí sim é preocupante (risos).


Você prefere ter várias versões de um mesmo álbum, ou se contenta apenas com uma versão?

Tenho várias versões do mesmo álbum. Depende muito de como está o estado, qual procedência, etc. Há uns anos atrás o Depeche Mode remasterizou todos os seus álbuns, e incluiu um DVD com áudio em 5.1 + b-sides. Essas edições eu diria que são definitivas. Ficaram lindas!

Tenho uma coleção digamos “normal”, depois recomprei os remasterizados, e, no meio disso, alguns que consegui japoneses ou alemães, que são as edições que gosto muito de ter.

Aliás, na escala de compras de um item repetido, opto por japonês em primeiro, alemão ou inglês em segundo, Europa restante em terceiro, americano em quarto, e, por último o CD “made in Brazil”. As qualidades realmente variam muito de país para país. Existem discos que tenho tipo três a quatro edições diferentes.

Também existem em praticamente toda banda os projetos paralelos, discos solos e não somente o grpo em si. O que você tem que poderia destacar para os leitores?

Os projetos paralelos de cada um são bem diferentes entre si. Os álbuns e EPs do Martin L. Gore, principal compositor e vocal das músicas mais deprês, são de covers bem alternativos. Gosto muito disso. Ele consegue fazer uma releitura da música, e transformá-la em quase uma faixa do Depeche. Se você escutar e ninguém falar que é um cover, a música passa como algo inédito da banda.

Os álbuns e EPs do Dave Gahan, principal vocal, são um misto de tudo o que ele tem influência. Escutando os álbuns dele vejo pitadas de Stones, The Doors e The Cure. Enfim, ele abrange vários estilos em um só álbum.

Os álbuns e EPs do Recoil, projeto do Alan Wilder, um dos gênios em sintetizadores e teclados, principalmente os primeiros álbuns, vão do progressivo ao trip hop. Aliás, o Recoil deverá fazer uma micro tour esse ano, pela primeira vez em duas décadas!

Bootlegs são repletos de curiosidades, versões alternativas, raras ou shows históricos. O que você acha dos bootlegs? Existe algum na sua coleção que você destacaria?

Sim, adoro bootlegs. Quem me conhece sabe que sempre defendi isso, até porque a banda, normalmente, não quer registrar, ou quando registra, fica aguardando datas para lançar em edições especiais, etc. Como coleciono há muito tempo, tenho álbuns que diria que são verdadeiros lixos, com qualidade realmente abaixo do esperado. Dava impressão que eram tirados de fitas, ou gravados a partir de walkman. Hoje, quase a maioria é tirado da mesa de som, graças a Deus, daí fica tudo limpinho, perfeito, dá pra ouvir legal tudo o que se passa no show, sem a banda ou a gravadora mexer ou retocar. Por isso gosto dos bootlegs.

O Depeche é uma fábrica de bootlegs, você acha coisas de todas as turnês, com músicas inéditas, versões estranhas ao vivo, enfim, os caras tem muita coisa. Eu gosto muito da banda ao vivo, então destacaria um de cada tour pelo menos. E, como lhe disse, existem dois CDs de b-sides - que a gravadora já deveria ter oficializado, mas não o fez - que lógico, os caras já prensaram em versões bootlegs (risos).


O que falta ainda conseguir? Quais são os próximos itens que você irá atrás?

Muita coisa, o Depeche tem muito item pra se colecionar. Agora mesmo estou pegando mais alguns discos coloridos que eu não tinha, apareceram e estou comprando aos poucos. Tem um pessoal que está editando uns bootlegs raros em vinil transparente, também estou pedindo. E por aí vai. No meio disso sempre aparece algum item, às vezes até de outros artistas que interessam.

Qual item você considera o mais valioso da sua coleção?

Difícil dizer, tem muita coisa rara: pictures discs, edições limitadas numeradas, discos coloridos, edições de partes que se juntam, bootlegs. Enfim, prefiro não destacar nenhum pra não ser injusto comigo mesmo (risos).


Qual foi o maior número de álbuns que você comprou de uma única vez?

Já fui um comprador compulsivo e louco. Hoje continuo louco, porém menos compulsivo. O problema é que os preços subiram e, normalmente o salário que recebemos não acompanha. Discos tem dessas, se o dólar estoura, é porque o dólar estoura. Quando o dólar despenca, eles aumentam o valor do item em dólar, e quem sempre acaba pagando essa conta é o consumidor final. Nos anos 80 eu cheguei a comprar uns 13/17 singles de uma só vez (custavam U$ 16,00 cada). Em 90 cheguei a comprar uns 10. Hoje, quando compro singles, normalmente é uns 3 a 4 por mês. Se tiver outros itens no meio, deixo sempre o mais fácil pra depois, e vou nos raros, é óbvio.

Quantos álbuns em média você compra por mês?

Hoje em dia varia muito. Como lhe disse, estou numa fase que estou comprando um lote de singles coloridos. No geral, álbuns em si, só quando saem de artistas que me interessam. Corro muito atrás das edições limitadas, pictures, que são mais raras e caras de se conseguir. Não tenho uma média, às vezes compro 5 ou 6, noutro mês uns 3 ou 4. Chegou época de estar zerado de grana e não comprar nada. (risos), fazer o que ...

Tem algum item que, só de alguém chegar perto, você já gela e morre de ciúmes, tem um carinho especial e não venderia de jeito nenhum?

Hoje me dia não venderia nenhum item meu do Depeche. Já fiz isso, no esquema da troca do vinil pelo CD, mas tenho ciúmes de alguns itens limitados e numerados. Esses são os que eu nem gosto de mostrar.


Entre tudo o que você possui, quais foram os itens que deram mais trabalho para conseguir?

Por incrível que pareça, um picture recente que meu muito trabalho foi o de "John the Revelator", de 2006. Esgotou rapidinho, e nos eBays da vida o pessoal tava pedindo uma fortuna. Até que uma boa alma pediu o preço justo, e eu acabei comprando.

Nesse mês comprei o single de "Blasphemous Rumours" – em CD alemão – com cinco faixas. Esse é bem raro de achar. Eu tenho em vinil, inclusive nas edições em vinil preto, e a limitada em vinil prateado. Demorei apenas 15 anos pra conseguir um ... Tenho o single inglês, que tem quatro faixas.

Outro que deu muito trabalho foi o box 1 do Japão, intitulado apenas de X1. Eu já tinha X2. O X1 demorei quase 16 anos pra conseguir, e, principalmente, num preço “um pouco mais acessível”. Esse box foi uma tiragem única (nunca foi relançado) de 5.000 caixinhas em 1990, se não me engano. Uma raridade hoje em dia.

Uma coleção sempre possui diversos itens curiosos. Neste sentido, eu gostaria de saber: qual é o CD mais estranho da sua coleção?

Estranhos do Depeche Mode eu diria que uma série chamada “Stumbling in My Shoes”, que são coletâneas de músicas em que o DM errou – às vezes muito feio mesmo – nas apresentações ao vivo. Variam desde microfones quebrados, samplers que entraram na hora errada, atropelo do vocal em algumas músicas, teclado que não funcionou. Enfim, ninguém é perfeito.

Agora, estranho por si só tenho na minha coleção Tangos e Tragédias (do Sul), que eu adoro; o Be & Thoven, que eram de Campinas (eu acho); o Vexame (extinta banda da Marisa Orth). Enfim, tenho uns itens que eu diria “curiosos” e não “estranhos” (risos).


A sua coleção tem um limite? Você acha que, algum dia, vai parar de comprar discos porque acha que, enfim, tem tudo o que sempre quis ter? Você acha que esse dia chegará, ou ele não existe para um colecionador?

Tem um limite sim: o meu dinheiro (risos). Infelizmente, vou dizer que acredito que não exista um fã 100% satisfeito com sua coleção, nem que fosse bilhardário. O problema são as edições limitadas que se perdem, as diferentes edições de um país para o outro, os promocionais com capas diferentes, os bootlegs ... Enfim, não acredito que exista uma pessoa na Terra que fale “eu tenho tudo o que a banda lançou” (no aspecto de ter todas edições possíveis, literalmente).

No meu caso, eu tenho tudo o que a banda lançou do catálogo inglês básico. Quando você para e começa a ver que existem discos coloridos, selos diferentes, capas diferentes, músicas extras em CDs de tiragens de outros países, daí você vê que você tem um pouco “mais que o básico”, mas tudo, tudo mesmo, acho difícil que exista alguém assim.

Já parou para pensar com quem os seus discos ficarão quando você estiver mais velho? Quem será o herdeiro da sua coleção no seu futuro?

Sempre me perguntam isso. Tenho dois amigos que vivem dizendo que querem os nomes deles no meu testamento (risos). Prefiro não pensar nisso. Sei que aqui em casa não gostam. De repente fazem um fogueirão numa festa, ou vendem tudo num sebo por R$ 1,99 (e sorte do outro comprador que achar - risos)- Realmente, prefiro não pensar nisso.


Se você pudesse voltar no tempo e assistir um show em qualquer época, qual seria?

Do Depeche Mode? Voltaria a 1987, uma tour em que o Nitzer Ebb abriu pro Front 242, que abriu pro Depeche Mode. Ou em 1993, o final da Devotional Tour, em que o Sisters of Mercy abriu os shows do Depeche Mode (esse eu consegui pelo menos o ingresso original do show). Se tivesse como, no Brasil, voltar a 1973 e ver um show do Secos e Molhados, ou algum da Casa das Máquinas na época. Legião Urbana e Cazuza seriam legais também.

Todo colecionador tem as suas manias. Como você guarda e conserva os seus CDs? Conte as suas manias!

Meus Depeche’s estão separados das outras bandas e cantores, até porque pegariam muito espaço. Então tenho três estantes: uma com os DVDs bootlegs do Depeche Mode, outra com os CDs do Depeche e alguns DVDs variados de filmes, e um outro armário – esse por ordem quase alfabética - dos meus outros CDs de artistas variados.

Existe uma “bagunça organizada”. Quando tenho paciência, volto a colocar em ordem alfabética novamente, pois com a compra de outros CDs após a última arrumação os novos ficam em último lugar até eu organizar novamente, senão eu fico perdido (risos).

Na realidade está tudo organizado na minha cabeça. Se eu pedir pra alguém buscar determinado CD no armário, a pessoa demora, mas até acha. Já eu lembro exatamente onde se encontra cada um. Uma questão de costume.

Estou precisando recolocar alguns plásticos nas caixinhas de CDs, mas quando penso na troca geral me dá uma preguiça ...


Por favor, faça um top#5 com os itens do seu acervo que você mais curte.

Ultimamente:

- uma paixão doida e uma caça constante por singles coloridos e pictures do Depeche... (são vários, nem adianta querer listar);

- as caixas japonesas X do Depeche);

- o single de “In Your Room”, onde você monta os singles e ele faz uma imagem do Dave Gahan desenhado. Bem interessante;

- Cyndi Lauper – Um single 3’’ de "My First Night Without You", porque adoro aquela capa e a música, e o single é bem raro;

- Sisters Of Mercy – The Vision Thing – CD com uma luva em couro. Acho lindo demais!


Quais são, para você, os dez melhores álbuns de todos os tempos?

Não vou listar só Depeche pra não ficar estranho (risos). Listarei outras bandas que já escutei ou escuto muito ainda. Eu diria que ouvir esses álbuns é uma retrospectiva bacana da música em si. Dez são poucos, sempre vamos cometer injustiças, mas estes influenciaram na minha vida, particularmente.

Com exceção do Depeche Mode, que sempre será o primeiro, os outros não precisam estar necessariamente nessa ordem. Eu diria que todos são os prováveis de estarem tocando depois do Depeche.

Ah, deixa ser uma lista de 11, só pra ficar diferente (risos):

1 – Depeche Mode – Some Great Reward (me abriu meus olhos pra banda, a partir desse disco virei fã incondicional)
2 – Cyndi Lauper – She’s So Ununsual
3 – Casa Das Máquinas – Lar de Maravilhas
4 – Legião Urbana – Dois
5 – The Beatles – Let It Be
6 – Pink Floyd – Dark Side of the Moon
7 – Sisters of Mercy – First and Last and Always
8 – Ramones – Ramones
9 – Led Zeppelin – Led Zeppelin IV
10 – The Cure – Disintegration
11 – Joy Division – Unknow Pleasures


O que você está ouvindo ultimamente e destacaria para os nossos leitores?

Depeche Mode – Live Here Now – Argentina 2009 - Por uma questão óbvia: eu estava lá (risos). Na realidade, DM é muito bom ao vivo, e esse é um daqueles álbuns que ficarão na memória);

Nitzer Ebb – Industrial Complex - A volta da banda! Os caras tinham parado, de repente lançam esse álbum que, na minha opinião, é uma volta por cima depois de alguns discos que não convenceram muito;

Sisters of Mercy – Floodland - Voltei a escutar, comprei recentemente os remasters. Eles incluíram algumas faixas de b-sides, agora com qualidade bacana, umas preciosidades. Meu vinil já devia estar cansado, agora escutarei o CD com as faixas a mais;

Dos artistas “novos”, indicaria Coldplay, Damien Rice, James Blunt, Travis, Keane e Muse.


Qual o item que você tem que é apenas para completar a coleção?

Vou lhe dizer com sinceridade: os últimos três álbuns da Marina não me agradaram como antigamente. Infelizmente ela está perdendo (eu acho que já perdeu) a voz. É preciso saber parar na hora certa. Comprei os discos para honrar a coleção, mas não me agradaram muito.

Um bootleg do Sisters of Mercy, de um álbum inédito, também sabia que não era legal, mas era pra completar a coleção.

Para alguém que nunca tenha escutado o Depeche Mode, o que você indicaria? Por favor, explique o porque.

Primeiro peço que a pessoa não pense no Depeche Mode como uma “banda de dance music”.

Indicaria os álbuns Violator (1990) (considerado pelo público e crítica a obra-prima deles), Songs of Faith and Devotion (1993) (por ser um álbum diferente, mostrando um Depeche Mode que se reavalia e pode ser “moderno”, sem trair seus princípios), Ultra (1997) (apesar de ser um disco mais denso e pesado, eu diria que é o “fênix” do Depeche - nem a banda acreditou que poderia dar a volta por cima, inicialmente).

O álbum e a tour de 93/94 foram bem difíceis. Essa turnê mundial passou pelo Brasil inclusive, e deixou a banda “estremecida”: Dave (principal vocal) entregue às drogas, Martin (principal letrista) bebendo todas, Andy (teclados) com estresse emocional. Dave chegou a ter uma parada cardíaca! Dizem que essa tou foi tão conturbada internamente quanto uma excursão do Aerosmith, em relação a seus integrantes e suas “viagens”.

Music for the Masses (1987) (álbum que estourou o Depeche no mundo - a faixa “Strangelove” teve, no mínimo, de oito a treze edições diferentes em single!), Some Great Reward (1984) (divisor de águas – nesse disco, o DM traçou o que gostava de fazer. Antes dele, considero que a banda procurava um caminho. A partir dele, ela trilhou e definiu seu caminho).



Qual é o diferencial do Depeche Mode?

(risos) TUDO! Pegue uma letra do Depeche Mode e veja o conteúdo (a partir de 84, como eu já havia dito antes). Escute os álbuns completos, sem procurar as faixas de sucesso. Coloque o disco ou o CD e deixe rolar inteiro. Abra algo pra tomar e acompanhar a audição. Escute os detalhes. Eu gosto de dizer que eles fazem camadas musicais, e são justamente essas camadas somadas às letras que formam uma música linda, de um bom gosto incrível.

Os álbuns são ricos em detalhes sonoros, coisas de gente que já gravou barulho de pedras caindo em escadas, falou frases ao contrário, usou código morse, enfim, criaram muito para deixar os álbuns sempre repletos de surpresas. Agora, escutando em 5.1, você vê o quanto eles se preocuparam com isso durante toda sua carreira. Pra se ter uma ideia, várias músicas incidentais em matérias do Fantástico ou do Globo Ciência, e recentemente tabém no Auto Esporte, contém trechos das músicas do Depeche.

Uma digamos "banda pop" estar há 30 anos na estrada lotando estádios e vendendo muito ainda, não é pra qualquer um. A última tour deles, nos EUA, ficou entre as 25 mais rentáveis. Um de seus últimos singles, “Wrong”, foi eleita uma das 25 melhores letras de 2009. Nada mal para uma banda que não tem grande apoio, uma banda que se mantém por si só. Sua gravadora, a Mute Records, é um pequeno selo. Aliás, acho muito bonita essa relação deles, de nunca terem deixado para trás a sua gravadora original.

Hoje (dia 04/03) eles acabaram de ganhar o prêmio de Best International Group Rock Pop no Echo Awards 2010, vencendo bandas como U2, A-ha, Black Eyed Peas e Gossip.

Vou citar aqui um trecho do livro Goth Chic: “O Depeche Mode começou os anos 80 tocando um synth pop leve. Entretanto, de acordo com o letrista da banda, Martin L. Gore, que era o principal compositor do grupo em meados dos anos oitenta, o novo estilo adotado por eles destinava-se a corromper o mundo de maneira sutil. A revista Terrorizer concorda, notando como o doom pop do Depeche Mode atingiu seu auge gótico em 1990 com o álbum Violator. Marilyn Manson, Nine Inch Nails, Paradise Lost - o Mode poderia comer todos eles no café da manhã, insiste Damien, o correspondente gótico da revista. O Depeche Mode é pop, mas é negro como o breu.” Foi a primeira vez que li o termo “doom pop” e gostei, achei que se encaixa bem no som do grupo. Gosto também de pensar em algo como “progressive pop”.

Em 1987, só pra se ter uma idéia, um b-side do Depeche foi uma música clássica. Outra coisa difícil de se imaginar: uma “banda pop” fazendo cover de Beethoven. Acho tudo isso, parte do diferencial do Depeche Mode.

E as bandas novas que são influenciadas por eles, o que você acha? Destaca alguma?

Esse é outro lado que me deixa contente em falar: influências e referências. Conheço inúmeros artistas que influenciam muita gente, mas nunca vi uma “banda pop” influenciar tanta gente diferente, principalmente a cena "eletro-goth" européia.

Mas vamos falar de gente conhecida: Marilyn Manson, The Cure, Rammstein, Smashing Pumpkins, The Mission, In Flames, Sonata Arctica, Lacuna Coil, Placebo, Deftones, Sandra, Tori Amos, Keane, A-ha, Erasure, HIM, Moonspell, Northern Kings, The Merry Thoughts. Até o Johnny Cash, cantor country, cantou Depeche Mode. Digamos que esses são os famosos que já vi fazerem covers do Depeche. Novamente, estilos bem diferentes. Por isso, eu digo sem sombra de dúvida: eles influenciam muita gente diferente, e isso é muito bom.

Tributos dos caras? Existem aos montes, de tudo quanto é país. Acho muito legal isso.


Nestes anos todos, esta paixão pela música certamente propiciou a você diversas experiências interessantes e curiosas, como contato com os seus ídolos, ou shows e tudo mais. Conta aí alguma história legal que você viveu por causa do seu envolvimento com a música.

A que eu mais gosto de pensar e lembrar: o Depeche Mode me fez conhecer muita gente, esse é o lado mais forte. Criei amizades eternas com muita gente. Sempre achei que era sozinho, de repente foi aparecendo mais gente, eu fui ficando contente. Adoro meus amigos, e através deles cheguei até vocês. Concordam? Isso é o legal: uma música, uma banda, um gosto específico, que foi se expandindo, e hoje sou convidado de vocês.

Sobre shows: recentemente fui vê-los na Argentina, o lance da “amizade entre os devotos” foi importante nisso. Eu saí sozinho de Santa Gertrudes, interior de SP onde moro, e encontrei com mais cinco amigos no aeroporto de São Paulo. Marcamos pela internet de usarmos o mesmo hotel. Chegamos lá, muita gente realmente tinha feito as reservas também, ou seja, o hotel ficou quase sendo como uma base de encontro de fas brasileiros do Depeche Mode. Eu acho que tinha lá, pelo menos no hotel onde ficamos, umas 30/40 pessoas que se esforçaram e fizeram de tudo pra não perder a oportunidade de ver o grupo. Isso é muito legal, diferente. Você vê que tem mais gente que gosta e se empenha. Lá conheci pessoalmente alguns amigos que já conhecia e conversava apenas por e-mails.

Na volta do show tive uma surpresa agradável: encontrei justamente com o Martin L. Gore no aeroporto. Foi a experiência mais estranha e incrível que já passei. Acredite: sempre tive receio de chegar perto e pegar o artista num dia ruim (muita gente não entende, mas eu entendo isso, os artistas são como a gente, tem dias bons e ruins), só que meu medo era de ter 27 anos de devoção arrasados em poucos segundos, pois se o cara não desse atenção o que eu estava fazendo ali? Tudo o que eu fiz na vida pela banda - pois acredite, eu ajudei e sempre cooperei com a divulgação, seja ela como fosse (participei de zines, blogs, páginas, mandei cartas, e-mails, sempre divulgando as novidades em relação ao grupo) - então, digamos, era um encontro complicado. Eu não teria coragem de me aproximar sozinho do cara e correr o risco de me decepcionar. Era o famoso tudo ou nada. Estávamos praticamente perdendo o vôo, tudo atrasado, e quando entramos na sala de embarque, perto do nosso portão, o Martin veio na nossa direção. Estava eu e um amigo, o Marcelo Pastel, eu praticamente imóvel ao ver o cara se aproximando da gente e não acreditando. O Marcelo, melhor preparado emocionalmente que eu, simplesmente parou o Martin e pediu a foto (lembrando que estávamos correndo, e ele também, a gente perdendo hora, e ele talvez perdido por ali). O Martin abriu um sorriso sincero e tirou a foto. Eu fiquei segurando as malas, sacolas, tava ainda com medo. O Marcelo chamou “vem cá Jean, vem”, e larguei tudo e fui lá tirar a foto junto. Foram frações de segundos, gosto de dizer que meu amigo Eduardo filmou os 33 segundos mais próximos que consegui chegar do Depeche, mas alguma alma bondosa fotografou o melhor segundo da minha vida, um clique, e ficou pra eternidade.

Quem estava por ali, e também eram amigos, falaram que ele estava calmo, super simpático, deu autógrafos, fotografou. Nós, realmente só conseguimos a foto, e a filmagem meio na surpresa, através de celular. Depois embarcamos e eu desabei a chorar, não acreditava que isso tinha acontecido comigo. Um medo, uma barreira quebrada, graças ao Depeche Mode e, óbvio, ao Marcelo Pastel. Valeu amigo. Esse dia, esse fato, não teria sido o mesmo sem você. Novamente muito obrigado!

O vídeo da filmagem (não é profissional, mas tem um valor sentimental que nenhuma equipe de filmagem profissional conseguiria fazer) está
aqui, pra quem quiser ver.

Recentemente, aliás, uma das últimas coisas que a banda fez foi ter arrecadado 216 mil euros para a entidade Teenage Cancer Trust. Fizeram show na faixa, leiloaram relógios exclusivos, e doaram tudo. Isso sem a mídia precisar fazer nenhum estardalhaço ou ficar chamando a atenção, fizeram tudo com a cara e a coragem, mais um ponto positivo em sua carreira, e muitos pontos comigo, pois isso só faz aumentar a minha devoção.

Outra história bacana: num show do Eduardo Dusek em 1996, em Rio Claro, ele entrou puto porque havia tomado calote do produtor regional. Entrou muito bravo, e dizendo que faria o show em consideração ao pessoal que pagou, mas ele não havia recebido o cachê. Achei isso muito profissional da parte dele. Depois do show tive a oportunidade de conhecê-lo, conversamos muito, ele contou detalhes, falamos sobre a carreira, e ele acabou autografando minha coleção inteira! Acho que ficamos, sem brincadeira, pelo menos uma hora dentro do camarim, conversando e rindo muito depois do show.



Como você vê a mudança de vinil para CD, e como você encara o download de músicas? Complementando, como você vê o mercado musical para a próxima geração? Qual será o próximo passo?

A mudança do vinil pra CD digamos que foi apenas pra ficar mais prático. Como lhe disse, hoje prefiro juntar uma grana e comprar o vinil importado, e depois comprar os CDs. Nada vai superar as capas, encartes do vinil. O CD é apenas mais prático, e ponto final.

Já o download digital eu, particularmente, não gosto, não vejo graça. O Depeche Mode disponibilizou, nas duas últimas turnês, mais de 80 shows diferentes pra quem quisesse downloads, mas existe a opção de comprar alguns álbuns em formato físico em CD. Já comprei alguns (risos).

É um esquema pra essa geração nova, que não faz questão de ter o artigo original da sua banda. Conheço muitos fãs que falam “tenho tudo em mp3”. Eu penso “ah, que legal, ele não tem nada” (risos). Gravações em mp3, CD-R, pen drives, só pra essa geração, que, principalmente, a indústria fonográfica nunca fez nada pra incentivar. As gravadoras viram a pirataria comer solta, e não fizeram nada.

Agora falam em reeditar os discos novamente no Brasil. Vai ser um tiro no pé, e novamente vão colocar a culpa da falência das gravadoras, no vinil. Já existem algumas reedições da Sony, no ano passado, que começaram muito mal. As gravadoras estão precisando de gente que conheça música. Ao invés disso, pegam qualquer disco e colocam na praça. Me desculpem, pois “todo artista tem seu valor” (eu sei disso), mas vamos falar da Sony e o projeto Meu Primeiro Vinil”. Ano passado relançaram o primeiro do Engenheiros do Hawaii, do Chico Science e do Vinicius Cantuária. Falem pra mim: foi uma ótima tacada? Só se for uma tacada direta no saco!!!

NOVAMENTE REPITO, não pelos artistas, mas lhes digo: quem disse que esses três especificamente precisavam de uma reedição? Quem pesquisou isso? Principalmente o Engenheiros e o Chico Science – que tem seus discos em sebos, sendo vendidos por até R$ 5,00 ou menos. Sabem o preço do relançamento do vinil – que vem com um CD “de brinde”? Acreditem se quiser: R$ 85,00 é preço médio de venda (risos). É pra rir ou chorar? Quem vai pagar R$ 85,00 num disco que você ainda acha em sebos por R$ 5,00? E o cd também, por uns R$ 15,00? A Sony já começou mal.

Agora dizem que a Deckdisc vai lançar a Pitty em vinil. Nada contra o artista, mas esse público alvo não tem nem toca-discos em casa. Esse público não tem o hábito de comprar vinil. Concordam? Quando compram o CD, é muito, pois normalmente baixam, e nem é pela gravadora - ou seja, não entendem que “de graça” prejudicam o artista.

Sou a favor do download de trechos pra você conhecer o disco, pois um CD custar R$ 30/35/45,00 é muito caro pro pessoal no Brasil. Aliás, o download digital é caro no Brasil, em média vendido entre 1,00 a 1,99. Os de 1,99 se você comprar realmente todas as músicas, você paga praticamente o valor do álbum físico, e não tem nada em casa pra montar sua coleção (risos).

Sou de uma época – viva os anos oitenta – em que você tinha opções baratas de presentear teus amigos: caixa de lenços, caixas de meias (as coisas mais comuns), ou então a pessoa levava um disco de presente (que era diferente, e digamos, mais chique). Hoje, os mesmos três pares de meia/lenços custam em média uns R$ 15,00/20,00. Já um CD interessante não sai por menos de R$ 30,00, chegando a até uns R$ 50,00. O comércio da música mudou muito. Acho que, se o governo incentivasse (cadê o famoso "música é cultura", que constava nas capas dos discos antigos), se tivesse um valor menor, com certeza venderia mais.

Voltando aos relançamentos: porque não pensam em relançar os discos que ficaram pra trás, de bandas internacionais, ou até mesmo nacionais, que nunca tiveram seus devidos lançamentos em vinil por aqui? Iron Maiden, Pink Floyd, Black Sabbath, U2, Rush, porque os fãs compram esses discos importados, eles continuam comprando discos de vinil. Tem tanta coisa boa que merece ser colocada à venda. Ou, se o problema é ir atrás de coisas do fundo do baú, pesquisem. Tem discos nacionais que custam fortunas em sebos. Relancem esses então.

Sobre o próximo passo: difícil dizer, a criatividade humana não tem limites. Se pensarmos nos discos de 78 rotações até o mp3.(já escutou um 78 rpm? E os discos de alumínio com vinil, da época de 1950?), é complicado dizer. O próximo passo é como será depois das músicas em pen drive, celulares, etc. Qual será a próxima invenção? Pessoalmente, o “futuro” será sempre o vinil, pois bem conservadinho ele não risca, não apaga, não oxida, está sempre intacto (risos). O futuro ainda é o vinil.


Agora as famosas rapidinhas: melhor capa de um disco?

Depeche Mode - A Broken Frame.

Melhor música do DM?

Uma só ? Injustiça! Digamos que há um empate entre "Somebody" e "Enjoy the Silence".

Melhor cover gravado em disco que você já ouviu?

Do Depeche Mode: "Route 66". De outro artista: Sisters of Mercy - Knocking on Heaven’s Door - num bootleg, óbvio.

Um show ou um disco?

Um disco pra se colecionar sempre, e um show pra eternizar na memória: Depeche Mode – Argentina 2009 – pela aventura toda em si. Aliás não só o Depeche Mode, os fãs vão entender: não existe melhor sensação do que a de você presenciar um show da sua banda preferida ao vivo. São experiências únicas e diferentes todas as vezes que você conseguir ver.

Anos 70’s ou 80’s?

Respeito os anos 70, mas prefiro os 80, sempre. Vivi intensamente essa década.

Anos 90’s ou 2000’s?

Na boa: os anos 90, principalmente entre 90/95, foram muito produtivos. Anos 2000 é legal, mas não me chama tanto a atenção.

Escolha quatro bandas para um festival.

Um festival diferente. Nessa ordem: Red Flag, Gary Numan, Sisters of Mercy e Depeche Mode.


Mais uma vez muito obrigado por ter participado da Collector´s Room, parabéns pela coleção. Este espaço é seu, deixe o seu recado.

Antes, alguns agradecimentos, ok? Quero agradecer ao pessoal da Collector’s Room, ao Daniel pelo contato e dicas (espero ter acrescentado um pouquinho mais para esse belo blog). Quero dizer que fiquei realmente muito lisonjeado com o convite.

Agradecimentos especiais para :

José Benedito Salomão, pela força e companheirismo de sempre;

Edison José da Silva, por ter ajudado a tirar as fotos, montar os stands, pela paciência, etc. Caso contrário seria impossível fazer tudo sozinho (e as fotos não teriam ficado tão legais):

Luis Fernando DM, blog sempre atualizado com tudo o que há de novo do Depeche Mode, e que sou colaborador;

Alessandro Bertoni, da página brasileira sobre a banda, que não está tão atualizada, mas em breve vamos resolver isso (também sou colaborador);

Jadir Lee, blog que também traz notícias sobre o DM;

A todos os amigos e devotos que sempre dão retorno sobre as matérias, valeu mesmo, por esse tempo todo na mesma estrada.

Tenho uma página, que não está atualizada, pois passei a colaborar em outras páginas, e acabei deixando a minha particular de lado, mas ainda assim é uma boa referência pro pessoal conhecer.

E finalizando: peço para os leitores que tentem conhecer um pouco do som do Depeche Mode. São trinta anos de banda, mais de 100 milhões de discos vendidos, muitos singles nas paradas americanas e britânicas, estádios lotados e fãs realmente “devotos”. Pela entrevista toda citei vários discos, tentem escutar algum deles, e espero que gostem. Tentei escrever, como sempre faço com meus textos pela internet, com muito sentimento e verdade. Espero que gostem. Força e paz sempre!!!

Como diria Dave Gahan (principal vocalista da banda): see you next time.

AGRADECIMENTOS:
Collector´s Room
ENJOY!

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